TROVADORISMO
RESUMO:
A época do trovadorismo
compreende desde o início da Língua portuguesa (português arcaico),
provavelmente entre 1189 e 1418. O trovadorismo abrange a Idade Média, o
feudalismo (já em fase de decadência) e o teocentrismo (Deus é o centro do
Universo). Portugal encontrava-se ocupado com as Cruzadas, quando deram seu fim
as manifestações culturais iniciaram-se, surgindo assim o trovadorismo. O
principal autor do trovadorismo foi o Rei D. Dinis que viveu de 1261 a 1325,
sendo que os escritores eram denominados “trovadores”, que escreviam suas
poesias e depois a cantavam com ajuda de alguns instrumentos musicais (viola,
lira ou harpa). Esse tipo de literatura era dividido em dois tipos: o refrão
(havia um estribilho o qual se repetia a cada final de estrofe) e mestria
(poesia mais trabalhada sem uso de repetições).
Os
principais temas abordados eram: poesia
lírica - o amor do homem para a mulher (eu lírico masculino), denominada
cantiga de amor; O amor da mulher para o homem (eu lírico feminino), denominada
cantiga de amigo. Poesia Satírica - críticas indiretas aos cidadãos, denominada
cantigas de escárnio; críticas diretas aos cidadãos ou pessoas ilustres da
sociedade, denominadas cantigas de maldizer. As principais obras (antologias
manuscritas) são: Cancioneiro da Ajuda; Cancioneiro da Vaticana; Cancioneiro da
Biblioteca Nacional.
CONTEXTO
HISTÓRICO
O feudalismo é um
modo de produção ou a maneira como as pessoas produziam os bens necessários
para sua sobrevivência. Durante a Idade Média, este foi um sistema de
organização social que estabelecia como as pessoas se relacionavam entre si e o
lugar que cada uma delas ocupava na sociedade.
Surgimento do feudalismo:
o feudalismo teve suas origens no final do século 3, se consolidou no século 8,
teve seu principal desenvolvimento no século 10 e chegou a sobreviver até o
final da Idade Média (século 15). Pode-se afirmar que era o sistema típico da
era Medieval e que com ela se iniciou, a partir da queda do Império Romano do
Ocidente (473) e com ela se encerrou, no final da Idade Média, quando houve a
queda do Império Romano do Oriente (1543).
Entre
as principais causas do surgimento deste sistema feudal está a decadência do
Império Romano (falta de escravos e prestígio, declínio militar) já no século 3
d.C., na grave crise econômica no Império Romano. Ocorreram invasões germânicas
(bárbaros) que fizeram os grandes senhores romanos abandonarem as cidades para
morar no campo, em suas propriedades rurais. Esses poderosos senhores romanos criaram
ali as vilas romanas, centros rurais que deram origem aos feudos e ao sistema
feudal na Idade Média.
Nestas
vilas romanas, pessoas menos ricas buscaram trabalho e a proteção dos grandes
senhores romanos e fizeram com eles um tratado de colonato, ou seja, os mais
pobres poderiam usar as terras, mas seriam obrigados a entregar parte da
produção destas terras aos senhores proprietários. Isso fez com que o antigo
sistema escravista de produção fosse substituído por esse novo sistema servil
de produção, no qual o trabalhador rural se tornava servo do grande
proprietário.
Funcionamento
do feudalismo: a base do sistema feudal era a
relação servil de produção. Com base nisto foram organizados os feudos, que
respeitavam duas tradições: o comitatus e o colonatus. O comitatus (que vem da palavra comites,
“companheiro”) era de origem romana e unia senhores de terra pelos laços de
vassalagem, quando prometiam fidelidade e honra uns aos outros. No colonatus,
ou colonato, o proprietário das terras concedia trabalho e proteção aos seus
colonos, em troca de parte de toda a produção desses colonos.
Um
senhor feudal dominava uma propriedade de terra (feudo), que compreendia uma ou
mais aldeias, as terras que seus vassalos (camponeses) cultivavam, a floresta e
as pastagens comuns, a terra que pertencia à Igreja paroquial e a casa
senhorial – que ficava na melhor parte cultivável.
As
origens desse sistema feudal, de “feudo”, palavra germânica que significa o
direito que alguém possui sobre um bem ou sobre uma propriedade. Feudo,
portanto, era uma unidade de produção onde a maior parte das relações sociais
passava a acontecer, porque os senhores feudais (suseranos) eram poderosos e
cediam a outros nobres (que se tornavam seus vassalos) as terras em troca de
serviços e obrigações.
Suserania e
Vassalagem: os senhores feudais
possuíam terras e exploravam suas riquezas cobrando impostos e taxas desses
nobres em seus territórios. Era um tratado de suserania e de vassalagem entre
eles. Esses vassalos podiam ceder parte das terras recebidas para outros nobres
menos poderosos que eles e passavam a ser os suseranos destes segundos
vassalos, enquanto permaneciam como vassalos daquele primeiro suserano. Um
vassalo recebia parte da terra e tinha que jurar fidelidade ao seu suserano,
num ritual de poder e de honra, quando o vassalo se ajoelhava diante de seu
suserano e prometia fidelidade e lealdade.
No sistema feudal quem concedia terras era
suserano e quem as recebia era vassalo em relações baseadas em obrigações
mútuas e juramentos de fidelidade. O rei concedia terras aos grandes senhores e
esses, por sua vez, concediam partes dessas terras aos senhores menos poderosos
- os chamados cavaleiros – que passavam a lutar por eles. Um suserano se
obrigava a dar proteção militar e jurídica aos vassalos. Um vassalo investido
na posse de um feudo se obrigava a prestar auxílio militar.
Sociedade
feudal: Em uma sociedade
feudal havia estamentos ou camadas estanques, não havia mobilidade social e não
se podia passar de uma camada social para outra. Havia a camada daqueles que
lutavam (Nobreza), a camada dos que rezavam (Clero) e a camada dos que
trabalhavam (camponeses e servos). Com diferentes componentes: os servos – que
trabalhavam nos feudos, não podiam ser vendidos como escravos, nem tinham a liberdade
de deixarem a terra onde nasceram; os vilões – homens livres que viviam nas
vilas e povoados e deviam obrigações aos suseranos, mas que podiam deixar o
feudo quando desejassem; os nobres e o clero, que participavam da camada
dominante dos senhores feudais, tinham a posse legal da terra, o poder
político, militar e jurídico. No alto clero estavam o papa, os arcebispos e
bispos e na alta nobreza estavam os duques, marqueses e condes. No baixo clero
estavam os padres e monges e na baixa nobreza os viscondes, barões e
cavaleiros.
Esses
feudos eram isolados uns dos outros e necessitavam da proteção de seus
senhores. Nasceram sob o medo das invasões bárbaras sofridas e que ocasionaram
o final do próprio Império Romano Ocidental. Os povos que formavam os novos
feudos eram as antigas conquistas dos romanos e passaram a se organizar em
reinos, condados e povoados isolados para se protegerem de invasores
estrangeiros. Esse isolamento também os obrigava a produzirem o necessário para
a sua sobrevivência e consumo próprio.
Os
senhores mais ricos submetiam os mais pobres aos trabalhos no campo e, em
troca, lhes davam a proteção contra esses ataques dos estrangeiros. Tinham as
armas e soldados para protegerem as populações mais pobres e delas exigiam
lealdade. Com esse tratado de suserania e vassalagem foram dominando muitas
partes do Império Romano extinto. A dependência fez com que os camponeses
passassem a entregar aos seus suseranos também os produtos que cultivavam, suas
terras e seus serviços, e se tornavam servos destes seus protetores.
A
servidão dos vassalos era uma forma de escravidão mais branda. Os servos não
eram vendidos, mas eram obrigados a entregarem esses produtos aos senhores
durante toda a sua vida. Não se tornavam proprietários das terras que
cultivavam e elas eram emprestadas para que nelas trabalhassem. Essa servidão
passava dos pais para os filhos, perpetuando essa relação de dependência e
proteção por gerações.
CARACTERÍSTICAS DO TROVADORISMO
O
Trovadorismo foi um movimento literário que surgiu na Idade Média no
século XI, na região da Provença
(sul da França), se espalhou por toda a Europa e teve seu declínio no século
XIV. Importante frisar que a Idade Média foi um período marcado por uma
sociedade religiosa onde a Igreja Católica dominava inteiramente a Europa. Estava
baseado num sistema rural, no qual o camponês vivia miseravelmente e a
propriedade de terra dava liberdade e poder.
O
acompanhamento pela música é a característica principal do Trovadorismo, período da literatura
registrado entre 1189 e 1434. Os
textos eram acompanhados por música e, por isso, chamados de cantigas. Eram
cantados em coro e estavam divididos em cantigas de amor, cantigas de amigo e
cantigas satíricas.
Cantigas de Amor:
surgiram na região da Provença, França, entre os séculos XI e XVIII, onde os
trovadores desenvolveram a arte do "amor cortês". Essa foi a
influência das cantigas de amor em Portugal.
Características
das Cantigas de Amor: Escritas em primeira pessoa; O eu-poético declara o amor
à dama; O cenário é a rotina palaciana; A amada é reverenciada; Demonstração da
servidão amorosa; A mulher é um ser inatingível, idealizada; O amor é
idealizado; Sofrimento amoroso; Aflição; Desgosto.
Cantigas de Amigo:
surgiram de um sentimento popular na Península Ibérica. Eram escritas em
primeira pessoa tendo o eu-poético sempre feminino, mas os autores eram homens.
Características
da Cantiga de Amigo: Sofrimento da mulher separada do amante ou amigo; Angústia;
Cenário é o campo; Desejo de relacionamento entre nobres e plebeias; Reflexo da
sociedade patriarcal.
Cantigas Satíricas:
crítica ao contexto político e social é a marca das cantigas de satíricas, que
são divididas entre cantigas de escárnio e cantigas de maldizer. As sátiras
refletem a sociedade medieval e os costumes.
Características
das Cantigas Satíricas: Sátiras indiretas, ironia, Crítica direta; Trocadilhos;
Ambiguidade.
LINGUAGEM DO TROVADORISMO
A
Linguagem do Trovadorismo é musical, poética, popular, dialógica, crítica,
lírica e satírica. Os trovadores eram os autores das cantigas, enquanto os
jograis eram os cantores. Os menestréis, além de cantarem, tocavam as músicas,
as quais eram acompanhadas por alaúdes, violas e flautas.
Nas
manifestações literárias na prosa são divididas em: Novelas de cavalaria ou
romances de cavalaria (relatos de heróis e seus cavaleiros); Nobiliários ou
livros de linhagem (árvores genealógicas de nobres); Hagiografias (bibliografia
de santos); Cronicões (narrativas históricas).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As
principais características do trovadorismo são: união da poesia e da música;
tradições populares, ideal cavalheiresco, temas profanos e amorosos; críticas
sociais.
Cantigas de amor:
o trovador confessa, de maneira dolorosa, a sua angústia, nascida do amor que
não encontra receptividade. O "eu lírico" desses poemas se revela, às
vezes, na forma de um apelo repetitivo, no qual não há erotismo, mas amor
transcendente, idealizado.
Cantigas de amigo:
o trovador apresenta o outro lado da relação amorosa, isto é, assume um novo
"eu lírico": o da mulher que, humilde e ingênua, canta, por exemplo,
o desgosto de amar e, depois, ser abandonada; ou o da mulher que se apaixonou e
fala à natureza, à si mesma ou a outrem sobre sua tristeza, seu ideal amoroso
ou, ainda, sobre os impedimentos de ver seu amado.
Cantigas de escárnio e de maldizer:
são poemas satíricos. Nas de escárnio, ressaltam-se a ironia e o sarcasmo. Já
as de maldizer são agressivas, abertamente eróticas, a sátira é expressa de
forma direta, sem meias palavras, chegando a usar termos chulos. Escritas, às
vezes, pelos mesmos autores das cantigas de amor e de amigo, revelam um
terceiro “eu lírico”, cuja licenciosidade se aproxima da vida das camadas
sociais mais populares.
REFERÊNCIAS
Observação: Este material foi editado para ser usado em sala de aula gratuitamente.
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