José Bento Monteiro Lobato nasceu em Taubaté (SP), em 1882. Estudou Direito em São Paulo, ingressando posteriormente no ministério público, exercendo o cargo de promotor numa cidade do Vale do Paraíba. Mais tarde tornou-se fazendeiro, atividade que encerrou ao criar seu personagem mais conhecido, o Jeca Tatu, e dedicar-se exclusivamente às letras, quer como escritor, quer como editor, fundando a Monteiro Lobato & Cia. - primeira editora nacional. Falido, Lobato não desistiu e fundou a Companhia Editora Nacional e a Editora Brasiliense.
Em 1917 tornou-se personagem central de uma polêmica que abriria caminho para o Modernismo. A pintora Anita Malfatti, recém-chegada da Europa, onde a arte vivia um intenso processo de renovação, expôs sua obra vanguardista em São Paulo. Lobato reagiu violentamente, através do artigo de jornal intitulado "Paranoia ou mistificação?".
Foi no Rio de Janeiro que começou sua atividade como escritor de histórias infantis e juvenis, sendo até hoje considerado como nosso melhor escritor de literatura infanto-juvenil. Foi nessa atividade que Lobato tornou-se famoso.
Depois de quatro anos como diplomata comercial nos Estados Unidos (1927-1931), iniciou apaixonada luta pelos interesses nacionais, sobretudo no que diz respeito às nossas reservas naturais, que vinham sendo exploradas por grandes empresas estrangeiras. Em 1936 publicou O escândalo do petróleo, em que denunciava o jogo de interesses econômicos que envolviam autoridades governamentais. Essas denúncias custaram-lhe seis meses de prisão, em 1941, durante a ditadura de Getúlio Vargas. Monteiro Lobato morreu em São Paulo, em 1948.
Além da conhecida obra infanto-juvenil, intitulada "Reinações de Narizinho", Lobato escreveu três livros de contos: Urupês (1918); Cidades mortas (1919); e Negrinha (1920). Escreveu ainda crônicas, artigos e ensaios.
Urupês e Cidades mortas são livros de contos que retratam a linguagem e os costumes interioranos, quase sempre com intenção satírica. Em Urupês criou a figura de Jeca Tatu, símbolo de nosso caboclo.
Cidades mortas tem como pano de fundo as decadentes cidades paulistas do Vale do Paraíba durante o declínio da atividade cafeeira. Esse interesse em captar o cenário e o homem regionais revela a persistência do regionalismo em nossa literatura. A denúncia da situação precária do negro e do preconceito racial aparece em Negrinha.
Nessas obras percebe-se o Lobato crítico, para quem certos hábitos brasileiros eram insuportáveis: a supervalorização de tudo que era estrangeiro; o nacionalismo cego; a falta de consciência política do povo. Em termos de linguagem, a aspiração maior de Lobato foi aproximar o texto literário da fala coloquial.
Referências
FAROCO, Carlos Emílio; MOURA, Francisco Marto. Língua e literatura. 16 ed. São Paulo: Ática, 1996.
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