Morador de uma cidade grande, João Brasileiro engole diariamente a fumaça lançada no ar por automóveis e fábricas. Tossindo de raiva, acende o último cigarro e joga o maço pela janela do carro. No domingo de sol, leva os filhos a passear no parque e compra sorvetes para os garotos. Cada um, é claro, vai jogar o copinho ou papel por cima do ombro assim que degustar a "iguaria". Quando vai à praia, Brasileiro fica horrorizado com o mar sujo pelos esgostos e esbraveja enquanto toma um refrigerante e come uma espiga de milho, cujos vestígios ficarão repousando na areia quando ele sair de lá.
Brasileiro gosta muito de reclamar da poluição e da sujeira - dos outros. Em seu próprio rastro, que ele ignora, acumulam-se quilos e quilos de detritos - restos de alimentos, copos, latas, garrafas, papéis e toda sorte de objetos dos mais variados materiais e usos, atirados nas ruas, praias, estradas, parques, casas de espetáculo e por aí afora.
Fonte: FARACO & MOURA. Linguagem Nova. In: Superinteressante, maio 1989.
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