terça-feira, junho 26, 2012

CONTO: A Máquina Extraviada, de José J. Veiga



Você sempre pergunta pelas novidades daqui deste sertão, e finalmente posso lhe contar uma importante. Fique o compadre sabendo que agora temos aqui uma máquina imponente, que está entusiasmando todo o mundo. Desde que ela chegou - não me lembro quando, não sou muito bom em lembrar datas - quase não temos falado em outra coisa; e da maneira que o povo aqui se apaixona até pelos assuntos mais infantis, é de admirar que ninguém tenha brigado ainda por causa dela, a não ser os políticos. 

A máquina chegou uma tarde, quando as famílias estavam jantando ou acabando de jantar, e foi descarregada na frente da Prefeitura. Com os gritos dos choferes e seus ajudantes (a máquina veio em dois ou três caminhões) muita gente cancelou a sobremesa ou o café e foi ver que algazarra era aquela. Como geralmente acontece nessas ocasiões, os homens estavam mal-humorados e não quiseram dar explicações, esbarravam propositalmente nos curiosos, pisavam-lhes os pés e não pediam desculpa, jogavam pontas de cordas sujas de graxa por cima deles, quem não quisesse se sujar ou se machucar que saísse do caminho. 

Descarregadas as várias partes da máquina, foram elas cobertas com encerados e os homens entraram num botequim do largo para comer e beber. Muita gente se amontoou na porta, mas ninguém teve coragem de se aproximar dos estranhos porque um deles, percebendo essa intenção nos curiosos, de vez em quando enchia a boca de cerveja e esguichava na direção da porta. Atribuímos essa esquiva ao cansaço e à fome deles e deixamos as tentativas de aproximação para o dia seguinte; mas quando os procuramos de manhã cedo na pensão, soubemos que eles tinham montado mais ou menos a máquina durante a noite e viajado de madrugada.

A máquina ficou ao relento, sem que ninguém soubesse quem a encomendou nem para que servia. E claro que cada qual dava o seu palpite, e cada palpite era tão bom quanto outro. 

As crianças, que não são de respeitar mistério, como você sabe, trataram de aproveitar a novidade. Sem pedir licença a ninguém (e a quem iam pedir?), retiraram a lona e foram subindo em bando pela máquina acima - até hoje ainda sobem, brincam de esconder entre os cilindros e colunas, embaraçam-se nos dentes das engrenagens e fazem um berreiro dos diabos até que apareça alguém para soltá-las; não adiantam ralhos, castigos, pancadas; as crianças simplesmente se apaixonaram pela tal máquina.

Contrariando a opinião de certas pessoas que não quiseram se entusiasmar, e garantiram que em poucos dias a novidade passaria e a ferrugem tomaria conta do metal, o interesse do povo ainda não diminuiu. Ninguém passa pelo largo sem ainda parar diante da máquina, e de cada vez há um detalhe novo a notar. Até as velhinhas de igreja, que passam de madrugada e de noitinha, tossindo e rezando, viram o rosto para o lado da máquina e fazem uma curvatura discreta, só faltam se benzer. Homens abrutalhados, como aquele Clodoaldo seu conhecido, que se exibe derrubando boi pelos chifres no pátio do mercado, tratam a máquina com respeito; se um ou outro agarra uma alavanca e sacode com força, ou larga um pontapé numa das colunas, vê-se logo que são bravatas feitas por honra da firma, para manter fama de corajoso. 

Ninguém sabe mesmo quem encomendou a máquina. O prefeito jura que não foi ele, e diz que consultou o arquivo e nele não encontrou nenhum documento autorizando a transação. Mesmo assim não quis lavar as mãos, e de certa forma encampou a compra quando designou um funcionário para zelar pela máquina. 

Devemos reconhecer - aliás todos reconhecem - que esse funcionário tem dado boa conta do recado. A qualquer hora do dia, e às vezes também de noite, podemos vê-lo trepado lá por cima espanando cada vão, cada engrenagem, desaparecendo aqui para reaparecer ali, assoviando ou cantando, ativo e incansável. Duas vezes por semana ele aplica kaol nas partes de metal dourado, esfrega, sua, descansa, esfrega de novo - e a máquina fica faiscando como jóia.

Estamos tão habituados com a presença da máquina ali no largo, que se um dia ela desabasse, ou se alguém de outra cidade viesse buscá-la, provando com documentos que tinha direito, eu nem sei o que aconteceria, nem quero pensar. Ela é o nosso orgulho, e não pense que exagero. Ainda não sabemos para que ela serve, mas isso já não tem maior importância. Fique sabendo que temos recebido delegações de outras cidades, do estado e de fora, que vêm aqui para ver se conseguem comprá-la. Chegam como quem não quer nada, visitam o prefeito, elogiam a cidade, rodeiam, negaceiam, abrem o jogo: por quanto cederíamos a máquina. Felizmente o prefeito é de confiança e é esperto, não cai na conversa macia. 

Em todas as datas cívicas a máquina é agora uma parte importante das festividades. Você se lembra que antigamente os feriados eram comemorados no coreto ou no campo de futebol, mas hoje tudo se passa ao pé da máquina. Em tempo de eleição todos os candidatos querem fazer seus comícios à sombra dela, e como isso não é possível, alguém tem de sobrar, nem todos se conformam e sempre surgem conflitos. Felizmente a máquina ainda não foi danificada nesses esparramos, e espero que não seja. 

A única pessoa que ainda não rendeu homenagem à máquina é o vigário, mas você sabe como ele é ranzinza, e hoje mais ainda, com a idade. Em todo caso, ainda não tentou nada contra ela, e ai dele. Enquanto ficar nas censuras veladas, vamos tolerando; é um direito que ele tem. Sei que ele andou falando em castigo, mas ninguém se impressionou. 

Até agora o único acidente de certa gravidade que tivemos foi quando um caixeiro da loja do velho Adudes (aquele velhinho espigado que passa brilhantina no bigode, se lembra?) prendeu a perna numa engrenagem da máquina, isso por culpa dele mesmo. O rapaz andou bebendo em uma serenata, e em vez de ir para casa achou de dormir em cima da máquina. Não se sabe como, ele subiu à plataforma mais alta, de madrugada rolou de lá, caiu em cima de uma engrenagem e com o peso acionou as rodas. Os gritos acordaram a cidade, correu gente para verificar a causa, foi preciso arranjar uns barrotes e alavancas para desandar as rodas que estavam mordendo a perna do rapaz. Também dessa vez a máquina nada sofreu, felizmente. Sem a perna e sem o emprego, o imprudente rapaz ajuda na conservação da máquina, cuidando das partes mais baixas.

Já existe aqui um movimento para declarar a máquina monumento municipal - por enquanto. O vigário, como sempre, está contra; quer sabe a que seria dedicado o monumento. Você já viu que homem mais azedo?

Dizem que a máquina já tem feito até milagre, mas isso - aqui para nós - eu acho que é exagero de gente supersticiosa, e prefiro não ficar falando no assunto. Eu - e creio que também a grande maioria dos munícipes - não espero dela nada em particular; para mim basta que ela fique onde está, nos alegrando, nos inspirando, nos consolando.

O meu receio é que, quando menos esperarmos, desembarque aqui um moço de fora, desses despachados, que entendem de tudo, olhe a máquina por fora, por dentro, pense um pouco e comece a explicar a finalidade dela, e para mostrar que é habilidoso (eles são sempre muito habilidosos), peça na garagem um jogo de ferramentas, e sem ligar a nossos protestos se meta por baixo da máquina e desande a apertar, martelar, engatar, e a máquina comece a trabalhar. Se isso acontecer, estará quebrado o encanto e não existirá mais máquina.


Ob
s. A finalidade da publicação deste conto, neste site, é totalmente para fins educativos.

domingo, junho 17, 2012

REVISÃO DE CONTEÚDOS PARA A PROVA DE EXAME - 1º PEDAGOGIA

Olá! Olá!... Sejam bem-vindos ao portal do conhecimento. Abaixo, estão relacionados os conteúdos para a prova de exame, 1º período de Pedagogia. Cliquem nos tópicos e ampliem seus conhecimentos sobre os conteúdos. Também, não deixem de praticar as atividades.


VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS : DIATÓPICAS, DIASTRÁTICAS e DIAFÁSICAS

LINGUAGEM DENOTATIVA E LINGUAGEM CONOTATIVA

PROBLEMAS MAIS COMUNS DE COMUNICAÇÃO

TEORIA DA COMUNICAÇÃO
RUÍDO NA COMUNICAÇÃO

FUNÇÕES DE LINGUAGEM

VÍCIOS DE LINGUAGEM

COMO LER E INTERPRETAR O TEXTO (1)

COMO LER E INTERPRETAR O TEXTO (2)

TIPOLOGIAS TEXTUAIS (1)

TIPOLOGIAS TEXTUAIS (2)

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APOSTILA ELEMENTOS DA TEORIA DA COMUNICAÇÃO


REVISÃO DE CONTEÚDOS PARA A PROVA DE EXAME - 1° LETRAS

Olá! Olá!... Sejam bem-vindos ao portal do conhecimento. Abaixo, estão relacionados os conteúdos para a prova de exame, 1º período de Letras. Cliquem nos tópicos e ampliem seus conhecimentos sobre os conteúdos. Também, não deixem de praticar as atividades, é só clicar aqui. (só abre com o Internet Explorer)


DIFERENÇAS ENTRE LATIM CLÁSSICO E LATIM VULGAR

VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS : DIATÓPICAS, DIASTRÁTICAS e DIAFÁSICAS

LINGUAGEM DENOTATIVA E LINGUAGEM CONOTATIVA

TEORIA DA COMUNICAÇÃO

RUÍDO NA COMUNICAÇÃO

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quinta-feira, junho 14, 2012

SUBSTANTIVOS, PALAVRAS QUE DÃO NOMES...

São substantivos as palavras que dão nomes a: pessoas (Paula, José, Marcos); profissões (professora, advogado, médico); animais (gato, macaco, elefante); lugares (colégio, São Paulo, Rondônia); seres reais (casa, planta, flores); seres imaginários (fantasma, saci, fada); coisas inanimadas (pedra, mesa, cadeira) e palavras que expressam: sentimentos (ciúme, inveja, felicidade); estados de espírito (arrependimento, remors) e ações (rompimento, compreensão).

SUBSTANTIVOS COMUNS: designam seres da mesma espécie. São escritos com letras minúsculas.
Exemplos:
A menina só tem dez anos.
O gato fugiu e ninguém viu.

SUBSTANTIVOS PRÓPRIOS: designam um indivíduo particular, específico. São escritos com letras maiúsculas.
Exemplos:
Eu moro no município de Cacoal.
Pedro é um garoto muito esperto.

SUBSTANTIVOS SIMPLES: formados por um só radical.
Exemplos:
A vida é bela.
Meu cachorro é preto com manchas brancas.

SUBSTANTIVOS COMPOSTOS: formados por mais de um radical.
Exemplos:
O Homem-aranha é um herói dos quadrinhos.
Ficar com você só foi um passatempo.

SUBSTANTIVOS CONCRETOS: designam seres de existência real ou criados pela imaginação.
Exemplos:
Você assistiu ao filme do vampiro?.
Salve o planeta, evite o desperdício d'água.

SUBSTANTIVOS ABSTRATOS: designam qualidades, sentimentos, ações ou estados dos seres sem quais não poderiam existir.
Exemplos:
Não tenha ódio, tenha amor.
A saudade é um prego e o coração é um martelo.

SUBSTANTIVOS PRIMITIVOS: não derivam de nenhuma outra palavra da língua portuguesa.
Exemplos:
O ferro é um metal?
Marcelo ainda tem dente de leite.

SUBSTANTIVOS DERIVADOS: derivam de outra palavra da língua portuguesa.
Exemplos:
Já comprei a ferragem.
José Carlos é um dentista renomado.

SUBSTANTIVOS COLETIVOS: designam uma coleção de seres da mesma espécie.
Exemplos:
A multidão estava agitada. (de pessoas)
A biblioteca da escola ficou fechada durante toda a manhã. (de livros)

REFERÊNCIAS

DELMANTO, Dileta; CASTRO, Maria da Conceição. Português: ideias & linguagens. São Paulo: Saraiva, 2009.
PIMENTEL, Carlos. Português descomplicado. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2006.

Teste seus conhecimentos sobre os substantivos. Clique aqui.

Outras atividades sobre os substantivos. Clique aqui.


Prof. Elisandro Félix de Lima



SINGULAR E PLURAL

Os nomes podem estar no singular ou no plural.
O nome em singular indica um só elemento.
O nome plural indica mais de um elemento.

O jeito mais comum para se formar o plural é acrescentar um s.
Existem outras maneiras para se formar o pural.

1. Nos nomes terminados em r, s, z, acrescenta-se es.

colher - colheres
gás - gases
giz - gises


2.Nos nomes terminados em ão trocam o ão por ões, ãos ou ães.

pião - piões
pão - pães

3.O nomes terminados em m trocam o m por ns.

homem - homens

4. os nomes terminados em al, el,ol, ul trocam o l por is.

anel - anéis
farol - faróis
material - materiais

CLIQUE AQUI E FAÇA AS ATIVIDADES

Referências:

http://www.colegioweb.com.br/portugues-infantil/singular-e-plural.html


Este material foi organizado pelo professor Elisandro Félix de Lima, porém, todo o conteúdo é de autoria do site colégio web.

terça-feira, junho 12, 2012

COMPETÊNCIAS LINGUÍSTICAS E TIPOLOGIAS TEXTUAIS

Olá Acadêmicos do curso de Pedagogia da UNESC, 1º período. Segue material para estudos.


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sexta-feira, junho 08, 2012

ADVÉRBIOS E LOCUÇÕES ADVERBIAIS

O advérbio é a palavra invariável que modifica o sentido do verbo, do adjetivo e do próprio advérbio.

CLASSIFICAÇÃO DOS ADVÉRBIOS

de afirmação: sim, certamente, efetivamente, realmente etc.
Exemplos:
Ele certamente sabe o que faz.
Nós iremos à festa, sim.
Estou realmente cansado.

de dúvida: talvez, quiça, possivelmente, provavelmente, porventura etc.
Exemplos:
Talvez chova no carnaval.
Possivelmente chegaremos tarde.
Eles provavelmente virão.

de intensidade: muito, pouco, bastante, mais, menos, demais, quanto, quase, tanto, tão etc.
Exemplos:
Choveu muito durante a noite.
Eles estavam bastante cansados.
Quero mais refrigerante e menos bebida alcoólica.

de lugar: aqui, lá, acolá, acima, dentro, fora, abaixo, adiante, aí, além, ali, aquém, atrás, cá, defronte, longe, perto, onde etc.
Exemplos:
Ele morava aqui.
Encontrei-o .
O sapo estava dentro da caixa.

de tempo: agora, já, hoje, amanhã, cedo, tarde, ainda, anteontem, antes, breve, cedo, depois, então, jamais, logo, nunca, outrora, sempre etc.
Exemplos:
Quero ver o diretor agora.
Amanhã será tarde demais.
Sempre estarei contigo.

de modo: assim, bem, mal, depressa, devagar, felizmente, solitariamente, debalde, melhor, pior, fielmente, levemente etc.
Exemplos:
Tudo correu bem.
Ele passou mal durante o jantar.
Vivia a vida solitariamente.

de negação: não, nunca, tampouco etc.
Exemplos:
Não aceito suas desculpas.
Não aceito as suas desculpas e tampouco quero vê-la novamente.
Nunca direi não a você.

LOCUÇÕES ADVERBIAIS

São duas mou mais palavras atuando com o valor de um advérbio.
Exemplos:
Ele morreu de fome. (de causa)
Comeu carne com as mão. (de instrumento)
Conversamos sobre namoro. (de assunto)
Sairei com meus amigos. (de companhia)
Voltaram apesar da chuva. (de concessão)
Só viajará com permissão da mãe. (de condição)
Fez os trabalhos conforme as instruções. (de conformidade)
Preparou-se para a festa. (de finalidade)
Viajou de ônibus. (de meio)

REFERÊNCIAS

PIMENTEL, Carlos. Português descomplicado. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2006.
CUNHA, Celso; LINDLEY CINTRA; Luís F. Nova Gramática do português contemporâneo. 5. ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2008.  

Prof. Elisandro Félix de Lima

O LEÃO E O RATO

 Estava um rato prestes a ser devorado por um gato faminto quando um leão que passava por perto, comovido com seu desespero, espantou o gato pra longe. Refeito do susto, o ratinho agradeceu:
     - Muito obrigado por salvar minha vida, majestade. O senhor é o rei das florestas e não precisaria se incomodar com um ser tão isignificante como eu. Mas um dia eu hei de lhe retribuir este favor.
     O leão, que não havia feito aquilo pensando em recompensa, seguiu o seu caminho:
     - Pobre ratinho, como poderia ele retribuir um favor ao rei dos animais?
     No dia seguinte, o leão estava andando distraído quando pisou numa rede estendida para aprisioná-lo. Assim que pôs a pata na armadilha, a rede se fechou sobre o seu corpo.
     - Ai de mim. Ficarei aqui a noite inteira até que cheguem os caçadores e me matem sem dó nem piedade.
     Eis que pela estrada vem passando o ratinho seu amigo. Ao ver o leão naquela situação, prontificou-se no mesmo instante:
     - É já que vou retribuir o favor que você me fez.
       E pôs-se a roer as cordas até livrar o leão da rede dos caçadores.

Fábulas de Esopo. Adapt. de Ivana Arruda Leite. São Paulo: Escala Educacional. 2004.

Você pode responder 10 questões sobre este texto: Acesse http://www.daypo.net/ Leitura e Interpretação de texto (fábula) O Leão e o Rato.




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