sexta-feira, março 18, 2022

QUEM FOI LIMA BARRETO?

Fonte: https://www.preparaenem.com/portugues/lima-barreto.htm

Afonso Henrique de Lima Barreto nasceu no Rio de Janeiro em 13 de maio de 1881. Frequentou a escola pública, passando depois para o Ginásio Nacional. Completou os preparativos para o curso superior no Colégio Paula Freitas e ingressou na Escola Politécnica do Rio de janeiro, que teve de abandonar, para incumbir-se dos cuidados do pai, que enlouquecera. Passa a trabalhar na Secretaria de Guerra, para sustentar a família. Isso não impede que ele frequente a boêmia e os meios intelectuais cariocas. Militou também na imprensa anarquista. Em 1914 foi internado em hospício, e mais uma vez em 1919, quando já estava aposentado por invalidez. Faleceu no Rio de Janeiro, aos quarenta e um ano, no dia primeiro de novembro de 1922, vítima de ataque cardíaco.

Lima Barreto é o romancista mais importante do período conhecido como pré-modernismo. A crítica tem chamado a atenção para seus defeitos de estilo, incorreção devidas à pressa e ao descuido, mas ninguém lhe nega a grandeza de propósitos e o valor dramático. Além disso, parte dos defeitos que apontaram em sua obra decorrem de uma de suas grandes qualidades: a reação contra o estilo pomposo do "beletrismo" (o culto das "belas letras", ou seja, da literatura como coisa ornamental), que caracterizou a obra de tantos escritores brasileiros do fim do século XIX e início do XX. A escrita de Lima Barreto é antiparnasiana, numa época em que o grande parnasiano da prosa, era o romancista mais prestigiado. É antiacademicista, numa época em que a Academia Brasileira de Letras era uma instituição levada a sério, pois ainda não se tornara um agrupamento de escritores conformistas e políticos poderosos e vaidosos. Contra a linguagem "rica" e o gosto da palavra encantatória, praticou um estilo simples, jornalístico, às vezes panfletário.

Lima Barreto elaborou uma sátira incisiva de seu tempo. Modelou no romance alguns de nossos maiores problemas, como a questão da indiferença, do preconceito racial (era mulato e sentira na carne a navalha da discriminação), do nacionalismo ornamental, da depravação moral e política das elites, das diferenças brutais entre as classes que compõem a sociedade brasileira do começo da República. Nele a vocação dramática faz com que a ação narrada rapidamente se volte para os grandes lances de significação suprapessoal. A rigor, não foi nem um ressentido, nem um populista, como costuma ser pintado hoje. Foi um intelectual que conseguiu trazer para a literatura a voz reprimida das camadas pobres da população, graças a sua profunda empatia com o mundo suburbano do Rio, a que esteve sempre ligado. Foi, também, um dos escritores que mais nobremente exerceram entre nós a crítica intensa e corajosa.

Em sua obra se destacam sobretudo três romances: Recordações do Escrivão Isaías Caminha (1909), Triste fim de Policarpo Quaresma (1915) e Vida e Morte de M.J. Gonzaga Sá (1919). O livro inacabado, baseado em suas memórias do hospício, Cemitérios dos Vivos, constitui um impressionante documento humano.

Texto original de Francisco Achcar, publicado na introdução do livro Triste fim de Policarpo Quaresma. São Paulo: Objetivo, s/d.

  

  

sexta-feira, março 11, 2022

QUEM FOI JANE AUSTEN?

Fonte: https://longahistoria.com.br/jane-austen-e-a-sexopolitica-do-conhecimento/

Jane Austen nasceu em Steventon, na Inglaterra, no dia 16 de dezembro de 1775. Seu pai era vigário da paróquia local e, quando se aposentou em 1801, mudou-se com a família para Bath. Essa mudança causou profundo desgosto para a jovem Jane, que considerava Hampshire o lugar perfeito para se viver. Depois da morte do pai, em 1805, Austen morou em várias cidades da Inglaterra com a mãe e a irmã, até que finalmente, em 1809, se mudou para Chawton, Hants, para a propriedade de um de seus irmãos. Ela e sua irmã nunca se casaram. Em julho de 1817, Jane Austen morreu, na cidade de Winchester, em cuja catedral está enterrada, depois de uma doença de longa duração em que teve a irmã como enfermeira.

Jane Austen era muito modesta quanto ao seu trabalho, que considerava pouco produtivo, e sua obra só foi publicada depois de muita revisão; sua genialidade, porém, foi confirmada já por seus contemporâneos. Um de seus mais ávidos leitores e admiradores foi o príncipe-regente, a quem a escritora dedicou o romance Emma. Hoje seus livros são reproduzidos nas telas de cinema regularmente.

Apesar de viver numa sociedade muito rígida, Jane Austen não se desviou de sua condição de gênio. Possuía, além de um senso agudo de comédia, uma profunda compreensão do comportamento humano. Assim, escritos sobre a rotina doméstica e social de personagens muitas vezes sem atributos tornam-se veículo para um comentário perspicaz e iluminador sobre o drama da natureza do homem.

O acompanhante da vida de seus cinco irmãos e de sua irmã provocou na jovem Jane forte crítica da sociedade em que viviam e, por lhe ser impossibilitada uma acusação direta às formas impostas à sua condição de mulher, a literatura se tornou o melhor meio de demonstrar as fraquezas e frivolidades de seu círculo social. Em seus romances a heroína não escolhe o destino, mas este já está traçado e quase sem variação é o mesmo: bom casamento para aquelas que possuem fortuna à altura. Mas o prêmio maior está reservado somente para as mais virtuosas e também inteligentes: a união com um partido acima de seu nível social e financeiro. Sua crítica mais mordaz se concentra no casamento em geral, no matrimônio como punição, como opção sem atrativos, mas que é no fim das contas a única escolha dada às mulheres de sua época. Jane Austen repudiou esse enquadramento social e morreu solteira.

Entre as obras mais conhecidas estão Razão e sensibilidade (1811), Orgulho e preconceito (1813), Mansfield Park (1814) e Emma (1815). Seus romances Persuasão e A abadia de Northanger foram publicados postumamente, em 1818.

Fonte: AUSTEN, Jane. Razão e sensibilidade. Adaptação em português de Lídia Cavalcante-Luther. São Paulo: Scipione, 1997.